segunda-feira, maio 21, 2007

Às vezes...

Às vezes perguntamos porquê. Porquê que eu estou aqui e agora, nesta maneira e não de outra. Coisas parvas que ocorrem, e quando chegámos a uma breve e talvez irreflectida conclusão, ficámos tristes, quase que depressivos. Não sei porque falo no plural. Refiro-me a mim, mas para me integrar com vocês, meus confidentes, presumo que vocês são como eu.
Sou presunçoso, um bocadinho...! Sou, não sou?!
Mas voltando ao tema, digo-vos que fiquei assim no outro dia. Não queria falar nem aturar ninguém, o que não foi difícil, pois lamentavelmente vivo sozinho, e ninguém cá veio saber se eu era vivo ou morto. A minha namorada ligou-me, mas ela também liga sempre, o que seria de esperar que neste dia também o fizesse. Mal estariamos se assim não fosse.
Todo o dia tive uma vontade de não fazer nada, e ao mesmo tempo uma vontade de fazer muita coisa. Uma sensação de que talvez eu tenha mais em mim para dar, mas não sei como nem o quê que eu possa fazer. É verdade que na minha vida vejo muitos obstáculos a futuros projectos, mas será que mesmo assim, não conseguiria pelo menos direccionar esta energia que quer sair, mas que não sei como. Como libertar algo, que nem conheço muito bem? Isto poderia dar estragos. A minha vida não está propriamente orientada, mas já tive mais desorientado. A diferença é que nessa altura, qualquer coisa era bom. Não tinha amarras. Agora já não é bem assim. Tenho que estabilizar um pouco. Pelo menos por agora, até que a vida fique facilitada. Não sei quando será isso...

Vivo cá num estado de ansiedade. Será assim tão bom, não nos acomodarmos?

quinta-feira, outubro 28, 2004

Invejam-me os poetas! Sabem dizer o que todos nós sentimos, todos os dias vivemos, mas sempre de forma tão bem dita, que quase parece que sentem as nossas dores. Quando ouço um poema que me toca, penso em decorá-lo e nunca mais esquecê-lo. É impossível. A minha memória é limitada, e mesmo depois de alguém declamar o mais lindo soneto deste mundo, minutos depois não consigo repetí-lo. É como que se existisse uma impossibilidade inacta em mim, que me impedisse de repetir as mais belas palavras alguma vez imaginadas de forma construtiva e significativa.
Invejam-me os músicos, que além de bons poetas associam a mais bela melodia para atrair ainda mais as nossas emotivas imaginações.
Inveja-me o dom da palavra. Aquilo que não tenho e anseio. Por vezes consigo fazer textos bonitos, mas não passam disso, de bonitos textos. Não tenho aquilo que me falta e que graças a Deus por vezes surge... não tenho dom.
Será o dom algo inapto ou algo trabalhado? Será a nossa capacidade de surgir na multidão uma capacidade inapta ou adquirida? Dizemos sempre, quando alguém surge no foco da fama - Foi sorte! Ele tem dom para aquilo.
Eu acho que não. Eu acho que é dedicação. Não. É mais do que isso. É amor. Eu posso surgir no meio da multidão por amor a uma mulher, mas nunca por apenas me dedicar a ela.
Amor desperta o dom. O dom de todos nós é o amor. O amor por música, pela letra, prosa ou verso. O amor pela vida, pela morte, pela vida até à morte, ou não será tudo o mesmo? Não será o amor por aquilo que mais gostamos e quando de nada gostamos, o amor pela morte que nos move? Não será o mundo movido pelo amor. Amor por uma mulher, por deus, por uma terra, pelo poder, pela glória, pela liberdade, pelo dinheiro, pelo povo, por nós próprios...
Invejam-me os poetas... Ajudem-me os poetas!